Grande personalidade pop dos anos 80, a cantora se cerca de lendas do blues no álbum Memphis Blues
Por Hagamenon Brito Redação CORREIO
O termo ícone está muito banalizado, mas a cantora americana Cyndi Lauper, 57 anos, é, sim, um grande ícone pop da década de 80. Álbuns como She's So Unusual (1983) e True Colors (1986) venderam milhões de cópias no mundo inteiro e a imagem new wave coloridíssima e burlesca da artista marcou toda uma geração.
Cyndi Lauper fez tanto sucesso na época que chegou a ser considerada rival de Madonna na disputa pelo trono da música pop. Depois, Cyndi gravou álbuns irregulares e não manteve o mesmo sucesso dos tempos de singles matadores como Girls Just Wanna Have Fun e Time After Time.
Blues
Uma coisa, porém, não mudou na carreira da mulher do ator David Thornton (estão casados há 18 anos) e da mãe de Declan (12 anos): a versatilidade musical. Sem falar no seu vigor vocal, que não foi afetado pelo tempo.
Em seu 11º álbum de estúdio, Memphis Blues (Lab 344), Cyndi Lauper convence e brilha com sentimento ao interpretar o velho gênero de gigantes como B.B. King, Allen Toussaint e Charlie Musselwhite. Todos, aliás, convidados especiais da cantora em seu primeiro trabalho de blues.
O repertório traz regravações do quilate de Crossroads (Robert Johnson), com participação especial do cantor e guitarrista Jonny Lang. A seguir, confira entrevista com Cyndi Lauper, feita por e-mail.
Você já havia lançado um classudo álbum de standards (At Last/2003) e agora mergulha no blues, outro universo diferente do seu habitat pop. O que a motivou a gravar Memphis Blues?
Eu ouço blues desde que era criança. Mais tarde, passei a amar gente como Janis Joplin e Rolling Stones, que o tornaram moderno nos anos 70. Então, sempre tive esse projeto no fundo da minha mente, sempre querendo fazê-lo, e então Jeff Beck e eu nos falamos sobre como fazê-lo e não deu certo. Mas eu ainda assim queria e fiquei esperando a hora certa para isso acontecer.
Em algum momento de sua formação musical, antes de fazer sucesso nos anos 80 com pop new wave, você ouviu cantores de blues? Ou foi uma descoberta posterior?
Quando eu era adolescente eu era fã de bandas como Rolling Stones, The Faces e Led Zeppelin e nas entrevistas eles falavam de como músicos como Muddy Waters e Buddy Guy tinham influenciado eles. Então, eu comprei os álbuns desses caras como fã do rock e descobri o blues.
Imagino ter sido uma honra gravar com grandes nomes do blues como B.B. King, o pianista Allen Toussaint e o guitarrista e gaitista Charlie Musselwhite... A química entre vocês foi imediata?
Eles foram muito bons e gentis comigo, todos eles. No começo, eu me senti um pouco como aquele personagem de Kung Fu Panda, do tipo “eu não mereço” e teria que deixar o estúdio, porque eu estava tão empolgada que tudo me levava às lágrimas. Mas eu amei cada segundo de cada sessão. Esta gravação foi um sonho para mim.
E a participação do saxofonista brasileiro Leo Gandelman em I Don’t Want to Cry? Como surgiu a ideia dessa faixa para a edição brasileira do álbum?
Quando eu gravei I Don't Want to Cry em Memphis, eu deixei espaço na faixa para partes de sopro. Eu tive essa ideia de que deveria fazer algo especial para os meus fãs no Brasil, na qual eu poderia trabalhar numa música com um grande artista brasileiro, e tive muito prazer em ter a contribuição do grande Leo Gandelman.
O álbum foi lançado nos EUA em junho. Você já está na estrada com o novo show? É um show totalmente bluesy ou você interpreta alguns hits do passado pop?
Eu quis que a turnê tivesse o máximo das gravações de Memphis Blues. Nos últimos dez anos na estrada, eu estive praticamente só fazendo repertórios dos grandes hits e só colocava poucas músicas do CD que estava trabalhando. Então, desta vez, é realmente um show do Memphis Blues. Os músicos que eu tenho na estrada são alguns dos melhores bluesmen de todos os tempos e nós teremos, também, novos arranjos para alguns dos meus sucessos, porque eu sei que o pessoal que virá para os shows quer ouvir os sucessos também.
Aliás, Cyndi, você e Madonna são contemporâneas e quando surgiram você chegou a ser considerada rival dela pela imprensa. Essa rivalidade teve algum fundo de verdade?
Não mesmo. Madonna é uma grande artista e qualquer coisa que tenha sido dita sobre termos alguma desavença é sem sentido algum. Eu acho que ela faz uma grande música, tem uma grande imagem e é, provavelmente, uma das mulheres de negócios mais inteligentes que existem.
Falando em ícones pop, qual a sua opinião sobre o fenômeno Lady Gaga?
Inclusive, já vi fotos de vocês duas abraçadas e ela tem algo, o lado burlesco e extravagante, que lembra você.
Obrigada. Não há ninguém como Lady Gaga. Ela é, definitivamente, uma das garotas que mais trabalham duro por aí. Eu adoro ela. Eu fico chocada com as performances dela.
Você participou da cerimônia de posse do presidente Barack Obama, em 2009. Um ano depois, você acha que ele está conseguindo fazer um bom governo? Ou os problemas encontrados depois da nefasta era George W. Bush ainda são muito grandes?
Eu acho que ele está fazendo um grande trabalho e cumpriu muita coisa neste ano e meio que ele é o presidente. Mas algumas pessoas esperavam mais por algum motivo. O presidente Obama tem muito lixo para limpar depois de oito anos de mandato Bush/Cheney. Ele herdou a bagunça, não a criou. Temos que dar a chance ao cara. Ainda tem muito o que ser feito? Claro, uma tonelada de coisas. Mas eu acredito nele e acho que ele ainda fará muita coisa nos anos a seguir.
Você já esteve três vezes no Brasil, creio. Qual a impressão do país e dos seus fãs brasileiros?
Eu amo o Brasil. Tudo, desde as pessoas, a energia, o amor, a comida e o ótimo clima. Vocês são realmente uma das mais lindas espécies de seres humanos. Todos são simplesmente maravilhosos. E a comida e a música... Não tem como não amar. Não vejo a hora de voltar.
CORREIO: O QUE A BAHIA QUER SABER
Por Hagamenon Brito Redação CORREIO
O termo ícone está muito banalizado, mas a cantora americana Cyndi Lauper, 57 anos, é, sim, um grande ícone pop da década de 80. Álbuns como She's So Unusual (1983) e True Colors (1986) venderam milhões de cópias no mundo inteiro e a imagem new wave coloridíssima e burlesca da artista marcou toda uma geração.
Cyndi Lauper fez tanto sucesso na época que chegou a ser considerada rival de Madonna na disputa pelo trono da música pop. Depois, Cyndi gravou álbuns irregulares e não manteve o mesmo sucesso dos tempos de singles matadores como Girls Just Wanna Have Fun e Time After Time.
Blues
Uma coisa, porém, não mudou na carreira da mulher do ator David Thornton (estão casados há 18 anos) e da mãe de Declan (12 anos): a versatilidade musical. Sem falar no seu vigor vocal, que não foi afetado pelo tempo.
Em seu 11º álbum de estúdio, Memphis Blues (Lab 344), Cyndi Lauper convence e brilha com sentimento ao interpretar o velho gênero de gigantes como B.B. King, Allen Toussaint e Charlie Musselwhite. Todos, aliás, convidados especiais da cantora em seu primeiro trabalho de blues.
O repertório traz regravações do quilate de Crossroads (Robert Johnson), com participação especial do cantor e guitarrista Jonny Lang. A seguir, confira entrevista com Cyndi Lauper, feita por e-mail.
Você já havia lançado um classudo álbum de standards (At Last/2003) e agora mergulha no blues, outro universo diferente do seu habitat pop. O que a motivou a gravar Memphis Blues?
Eu ouço blues desde que era criança. Mais tarde, passei a amar gente como Janis Joplin e Rolling Stones, que o tornaram moderno nos anos 70. Então, sempre tive esse projeto no fundo da minha mente, sempre querendo fazê-lo, e então Jeff Beck e eu nos falamos sobre como fazê-lo e não deu certo. Mas eu ainda assim queria e fiquei esperando a hora certa para isso acontecer.
Em algum momento de sua formação musical, antes de fazer sucesso nos anos 80 com pop new wave, você ouviu cantores de blues? Ou foi uma descoberta posterior?
Quando eu era adolescente eu era fã de bandas como Rolling Stones, The Faces e Led Zeppelin e nas entrevistas eles falavam de como músicos como Muddy Waters e Buddy Guy tinham influenciado eles. Então, eu comprei os álbuns desses caras como fã do rock e descobri o blues.
Imagino ter sido uma honra gravar com grandes nomes do blues como B.B. King, o pianista Allen Toussaint e o guitarrista e gaitista Charlie Musselwhite... A química entre vocês foi imediata?
Eles foram muito bons e gentis comigo, todos eles. No começo, eu me senti um pouco como aquele personagem de Kung Fu Panda, do tipo “eu não mereço” e teria que deixar o estúdio, porque eu estava tão empolgada que tudo me levava às lágrimas. Mas eu amei cada segundo de cada sessão. Esta gravação foi um sonho para mim.
E a participação do saxofonista brasileiro Leo Gandelman em I Don’t Want to Cry? Como surgiu a ideia dessa faixa para a edição brasileira do álbum?
Quando eu gravei I Don't Want to Cry em Memphis, eu deixei espaço na faixa para partes de sopro. Eu tive essa ideia de que deveria fazer algo especial para os meus fãs no Brasil, na qual eu poderia trabalhar numa música com um grande artista brasileiro, e tive muito prazer em ter a contribuição do grande Leo Gandelman.
O álbum foi lançado nos EUA em junho. Você já está na estrada com o novo show? É um show totalmente bluesy ou você interpreta alguns hits do passado pop?
Eu quis que a turnê tivesse o máximo das gravações de Memphis Blues. Nos últimos dez anos na estrada, eu estive praticamente só fazendo repertórios dos grandes hits e só colocava poucas músicas do CD que estava trabalhando. Então, desta vez, é realmente um show do Memphis Blues. Os músicos que eu tenho na estrada são alguns dos melhores bluesmen de todos os tempos e nós teremos, também, novos arranjos para alguns dos meus sucessos, porque eu sei que o pessoal que virá para os shows quer ouvir os sucessos também.
Aliás, Cyndi, você e Madonna são contemporâneas e quando surgiram você chegou a ser considerada rival dela pela imprensa. Essa rivalidade teve algum fundo de verdade?
Não mesmo. Madonna é uma grande artista e qualquer coisa que tenha sido dita sobre termos alguma desavença é sem sentido algum. Eu acho que ela faz uma grande música, tem uma grande imagem e é, provavelmente, uma das mulheres de negócios mais inteligentes que existem.
Falando em ícones pop, qual a sua opinião sobre o fenômeno Lady Gaga?
Inclusive, já vi fotos de vocês duas abraçadas e ela tem algo, o lado burlesco e extravagante, que lembra você.
Obrigada. Não há ninguém como Lady Gaga. Ela é, definitivamente, uma das garotas que mais trabalham duro por aí. Eu adoro ela. Eu fico chocada com as performances dela.
Você participou da cerimônia de posse do presidente Barack Obama, em 2009. Um ano depois, você acha que ele está conseguindo fazer um bom governo? Ou os problemas encontrados depois da nefasta era George W. Bush ainda são muito grandes?
Eu acho que ele está fazendo um grande trabalho e cumpriu muita coisa neste ano e meio que ele é o presidente. Mas algumas pessoas esperavam mais por algum motivo. O presidente Obama tem muito lixo para limpar depois de oito anos de mandato Bush/Cheney. Ele herdou a bagunça, não a criou. Temos que dar a chance ao cara. Ainda tem muito o que ser feito? Claro, uma tonelada de coisas. Mas eu acredito nele e acho que ele ainda fará muita coisa nos anos a seguir.
Você já esteve três vezes no Brasil, creio. Qual a impressão do país e dos seus fãs brasileiros?
Eu amo o Brasil. Tudo, desde as pessoas, a energia, o amor, a comida e o ótimo clima. Vocês são realmente uma das mais lindas espécies de seres humanos. Todos são simplesmente maravilhosos. E a comida e a música... Não tem como não amar. Não vejo a hora de voltar.
CORREIO: O QUE A BAHIA QUER SABER
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